Para política, o bem comum é a ordem?

   Segundo Bobbio, a política tem como fim mínimo a ordem, e esta, quando estabelecida é capaz de proporcionar o bem comum. Entretanto, o fato da ordem reinar em um Estado não é o suficiente pra que todos possam desfrutar da mesma.  Por exemplo: nos regimes totalitários e autoritários a ordem impera, mas esta foi estabelecida por um único indivíduo que, através dela, visa regulamentar a vida pública e privada e excluir os cidadãos das decisões tomadas pelo Estado, que acaba usurpando os direitos destes. Evidentimente não há bem comum sem que se tenham direitos.  Embora a ordem seja um fator essencial para que exista bem comum, pois esta organiza as relações internas e externas de um Estado, como visto, não é o suficiente. Para que o bem comum seja atingido a ordem deve vir acompanhada de formas que permitam que o povo opine e faça sugestões caso não concorde que está vivendo em um Estado onde foi atingido o bem comum.

Qualquer governo que não queira governar pela força precisa unificar o povo, o bem comum direciona as pessoas, uma vez que impotentes como indivíduos ao se unirem podem atingir esse objetivo, podendo unir culturas diferentes por uma causa comum.

O bem comum foi necessário para a criação da sociedade, é uma ferramenta política poderosa que pode manter a ordem ou desestabilizá-la (quando o governo não corresponde a necessidade do povo). Um dos problemas práticos dessa ídeia é quem é seu portador, quem representa a vontade do povo, seria a igreja, o criador a ídeia do bem comum? Ou o governo democrático, onde quem comandaria seria a maioria? E Quando se resolveram apontar arbritariamente tal representante? Tivemos o aparecimento de ditaduras, que é a máxima da ordem.

Para a Política, o bem comum é a ordem?

O Estado não se sustenta sem a ordem, é preciso a ordem para impor limites na sociedade, para que não se torne uma anarquia, e o Estado acabe ruindo, pois o mesmo não fundamenta-se sem que haja uma ordem vigente.

A ditadura seria o objetivo da ordem levado ao extremo, algo não necessário, pois a ordem em si não se fundamenta em controlar os passos dos cidadãos, mas sim em mostrar-lhes até que ponto pode-se chegar, sem que afete bruscamente sua vida cotidiana, como acontece na Coreia do Norte, por exemplo, para que a harmonia do Estado não seja quebrada, harmonia esta que ainda não foi alcançada. A ordem não é feita de extremos, mas sim do meio termo entre ditadura e anarquia – já que o primeiro prevê o “aprisionamento” do cidadão no Estado, e o segundo uma desordem total – e a política a têm como fim mínimo, para organização do poder coativo e manutenção do Estado.

 

Por Renata Tunoda.

para a política, o bem comum é a ordem?

artículo 5o.- El Partido Comunista de Cuba, martiano y marxista-leninista, vanguardia organizada de la nación cubana, es la fuerza dirigente superior de la sociedad y del Estado, que organiza y orienta los esfuerzos comunes hacia los altos fines de la construcción del socialismo y el avance hacia la sociedad comunista. (Constitución de la Republica de Cuba, 1976)

 

Na contemporaneidade, podemos assistir ao desenrolar de ditaduras restantes num mundo “democrático”. Temos como exemplo, Bielorrússia, Angola, Cuba, entre outros. A ilha caribenha, governada por Raúl Castro, presencia a manutenção da ordem, em diversos aspectos, por parte de um governo ditatorial. Desse modo, a sociedade cubana possui sistemas de saúde e de educação invejáveis. Contudo, a sociedade sofre com a falta de liberdade de expressão, restrições de fluxos internacionais e de organizações civis oposicionistas. Sendo assim, questiona-se a importância da liberdade de protesto frente à garantia de ordem. Visto que o consenso político entre Estado e sociedade encontra-se na incerta área entre os dois pólos, não deve-se procrastinar a boa organização de seus direitos básicos, tão pouco a liberdade. De modo que, acima de tudo, nenhuma nação pode aceitar ser dominada, em níveis que restrinjam a sua liberdade, por uma pessoa ou grupo de pessoas estabelecidos no poder.

 

por ANDRÉ LEITE ARAUJO

o primeiro

Era uma vez seis estudantes de Relações Internacionais da PUC-SP que decidiram se juntar para um projeto de Política e Soberania, aula ministrada pelo Prof. Rafael Araujo. O nome “Ágora ou nunca!” vem da palavra grega ágora (Ἀγορά) que referia-se à praça em que os antigos gregos discutiam acerca de esfera pública, alcançando um consenso político e civil. A partir daí, apareceu uma óbvia brincadeira entre “agora ou nunca” e “Ágora ou nunca!”.

 

O objetivo do blog é a publicação de posts acerca “das relações entre Estados no plano institucional” e sobre “a questão do poder no pensamento político moderno”. Desse modo, junto aos comentários de vocês, leitores, criaremos uma “ágora virtual”, utilizando a expressão de Eugênio Trivinho.

 

Esperamos que curtam o Ágora ou nunca!